sexta-feira, 5 de novembro de 2010



Nota da ANEL-RJ em apoio a luta pela retomada do Canecão pela UFRJ

Uma batalha histórica.
Depois de décadas de uma intensa batalha jurídica, o espaço do Canecão finalmente retorna para a UFRJ. Essa história é antiga. Em 1992, a reitoria entregou o imóvel para a iniciativa privada, recebendo, assim, um aluguel mensal ao longo de 5 anos. Quando o prazo expirou, entretanto, a empresa não saiu do local, mesmo tendo sido notificada pela justiça. Desde então, ocorre uma briga judicial entre a UFRJ e esta empresa.
O papel da iniciativa privada.
É um absurdo o que as empresas fazem com os espaços culturais da nossa cidade. Na educação, nos deparamos com vários problemas referentes a privatização. Na cultura não é diferente. Como em qualquer outra empresa, o que move a utilização destes espaços não são os interesses da sociedade como democratização do acesso a cultura, arte e lazer, mas, sim, o que dá mais lucro. Deste modo, os preços exorbitantes, a arbitrariedade na seleção dos artistas e a própria gestão do espaço, atendem a essa lógica. Por outro lado, o governo federal destina uma irrisória parte do orçamento do Estado para cultura. Mesmo o Lula tendo prometido 1% do orçamento do Estado para cultura, o Ministério da Cultura recebeu apenas 0,2%. Um verdadeiro descaso com o financiamento público da cultura e artes em geral. É um dever do Estado, investir e fomentar a cultura, para que toda a população tenha acesso a esse bem tão precioso.

O Canecão que queremos: público, gratuito e democrático.

A impressionante vitória impulsionada pelo DCE-Mário Prata, CA’s e ADUFRJ, nos coloca uma oportunidade única de gestão deste espaço. Podemos, através dessas entidades, pressionar a reitoria para que o Canecão atenda as necessidades culturais e artísticas dos estudantes, trabalhadores e artistas. Porém, com uma lógica bastante diferente. Precisamos de um espaço cultural gratuito e democrático que garanta cultura para toda a população. Para isso, não podemos nos deixar levar pelas empresas. O Canecão só atenderá nossas demandas se permanecer público, com uma gestão democrática. Nesse sentido, não deixaremos que a reitoria entregue este espaço, mais uma vez, para a iniciativa privada ou que decida arbitrariamente o que fazer. Entraremos na briga para defender O Canecão que queremos.

Um espaço para Ensino, Pesquisa e Extensão.

Outra tarefa que temos pela frente é garantir que este espaço seja também utilizado para fins acadêmicos. Há uma demanda por parte de alguns cursos da UFRJ que sofrem com a falta de infra-estrutura. Por exemplo, o curso de direção teatral que não tem nenhum espaço adequado para desempenhar uma boa graduação. Podemos propiciar um ganho para a comunidade acadêmica se este espaço for incorporado, além de tudo, como espaço acadêmico. Além disso, poderíamos habilitar atividades de extensão que tanto faltam em nossa universidade. Este elemento do tripé, que fundamenta a universidade (Ensino, pesquisa e extensão), pode propiciar uma maior interação da universidade com os movimentos sociais e populares. Assim podemos fazer com que a universidade rompa seus próprios muros.

E o Plano diretor?

O carro-chefe da política da reitoria de implementação do REUNI, na UFRJ, é o Plano Diretor 2020. Na verdade, a razão de ser deste plano é a necessidade da reitoria de realizar uma adequação física da universidade para o cumprimento das metas do REUNI, que visa aumentar o número de vagas sem aumentar o número de verbas.
A única coisa que este plano diretor prevê, para a Praia vermelha, é a ida para o Fundão e que este espaço deixe de cumprir um papel de campus universitário. Ao contrário do governo e da reitoria, consideramos que para uma verdadeira expansão da universidade temos que ter verbas para utilizar e revitalizar todos os espaços da universidade e não transformá-los em estacionamento, hotel e centro de convenções (“já que não há nenhum na zona sul...”), como é a proposta da reitoria para a Praia vermelha.
Nesse sentido, com a retomada do Canecão pela UFRJ ficam mais perguntas no ar: Iremos pro fundão? E o Canecão? A Praia vermelha, agora, terá investimentos, ou se manterá a proposta absurda da reitoria de nos mandar para o fundão sem a mínima infra-estrutura? Por que não investir na PV e no Canecão, pela revitalização deste campus com a construção de bandejões, reforma dos prédios e das bibliotecas, para assim podermos expandir com qualidade?

Mas saibam todos, que os estudantes, junto com os professores da ADUFRJ, não deixarão de lutar por uma universidade pública, gratuita e de qualidade que garanta um livre acesso a cultura. E tenham certeza que a ANEL sempre estará presente nesta batalha

Nenhum comentário:

Postar um comentário