quinta-feira, 4 de novembro de 2010




CAMPANHA ESTADUAL ANEL RJ



ANEL RJ no Combate à Violência!

UPP não é a solução!

Queremos emprego, moradia e educação!





É impossível viver no Rio de Janeiro e não se relacionar com a terrível violência presente em nosso Estado. Seja através das armas da polícia, do tráfico ou da milícia, quem mais sofre é a população pobre e negra, moradora das favelas e periferias. Quando se trata da juventude, a situação é ainda mais perversa, sendo a principal vítima dos homicídios (47% dos casos) e da falta de perspectivas e oportunidades em sua vida futura. É por isso que nós, estudantes livres organizados na ANEL, decidimos impulsionar em todo o Estado do Rio de Janeiro uma campanha em combate à Violência. Através dela, queremos denunciar o papel das UPPs, que diferente do que diz nosso governador Sérgio Cabral não são a solução para o fim da violência e do tráfico. Exigimos melhorias estruturais para a população pobre, com investimento social em emprego, moradia, educação, saúde e cultura, e legalização das drogas tratando o usuário como um caso de saúde pública. Só assim é possível, realmente, dar um fim à violência e ao tráfico.



Pra combater a violência, UPP não é a solução!



Em tempos de eleição, a campanha do governador Sérgio Cabral tem como carro chefe a criação das UPPs – Unidades de Polícia Pacificadora. Inclusive a Dilma se utiliza disso para exemplificar como será sua política de segurança para o Brasil. Eles dizem que a PAZ chegou nas favelas, e que através deste projeto vão colocar um fim na violência e no tráfico. Nós, da ANEL, questionamos essa posição.

Em primeiro lugar, e mais evidente, as UPPs apenas transferem o tráfico e a violência de um lugar para o outro. Não é mera coincidência que esse projeto tenha ganhado tanto peso quando se começou a comemorar a conquista da Copa e das Olimpíadas para o Brasil. Há uma necessidade de “limpar” certas áreas, concentradas na Zona Sul e Tijuca. Localidades como Nova Iguaçu, Niterói, Baixada Fluminense, Teresópolis, tem ampliado o contingente de furtos, assaltos, tráfico de drogas e violência em geral.

Em segundo lugar, questionamos o próprio conteúdo da UPP. Trata-se de um projeto que pensa o combate à violência do ponto de vista invertido. Para nós, a solução não é trocar as armas do tráfico pelas da polícia. Além disso, as UPPs têm trazido às comunidades toque de recolher, revista (principalmente aos jovens e negros) na entrada e saída de casa. Por serem financiadas por grandes empresas imobiliárias, tem aumentado o custo de vida nas favelas, e assim por diante.



Os verdadeiros responsáveis por toda essa violência estão nas mansões e condomínios de luxo, e não nos barracos da favela.”



Consideramos que só dá pra acabar com a violência com responsabilidade, atacando a raiz do problema. Atualmente, há um profundo processo de criminalização da pobreza em nosso Estado. Isso ficou bastante claro com o Choque de Ordem e o Caveirão, do Cabral e do Eduardo Paes. Recentemente, uma manifestação de professores da rede estadual foi reprimida com balas de borracha e bombas de efeito moral, deixando trabalhadores feridos. A própria existência de uma Polícia Militar, que só existe no Brasil, no Chile e na Itália, fruto dos regimes ditatoriais, deixa claro o papel repressivo do Estado.

Além disso, o tráfico de armas e drogas, os dois mercados ilegais mais lucrativos no mundo, têm relação direta com o Estado e a polícia, que financiam sua produção e reprodução, e acobertam sua distribuição no “mercado”. A apreensão de drogas e armas pela polícia só faz aumentar ainda mais o lucro dos financiadores. Os verdadeiros responsáveis por toda essa violência estão nas mansões e condomínios de luxo, e não nos barracos da favela. É por tudo isso que o consumo de drogas deve ser encarado como um problema social e de saúde pública, e não como um crime. A humanidade existe há 6 mil anos, e sempre fez uso de substâncias que, hoje, são consideradas ilícitas. É dever do Estado descriminalizar as drogas e, assim, investir em mais e melhores clínicas especializadas de desintoxicação, campanhas de conscientização, pesquisa sobre seus efeitos, usos medicinais, entre outros.


Favela não é caso de polícia!



Defendemos, portanto, que os moradores das favelas sejam tratados com respeito e investimentos sociais. É preciso que haja emprego para que as famílias possam se sustentar. Que haja escolas, cursos técnicos e universidades de qualidade para a juventude ter direito ao futuro. Que haja cursos de arte, cinemas, teatros e jogos de futebol a preço popular, para que os homens e mulheres se desenvolvam socialmente. Que haja hospitais públicos de qualidade, para que a população não morra na fila esperando. Que seja realizada uma verdadeira Reforma Urbana, com garantia de moradias populares, contenção das encostas dos morros e um Plano de Obras Públicas de escoamento das águas das chuvas. É nesse sentido que a ANEL-RJ lança sua Campanha em Combate à Violência. Queremos organizar toda a juventude que sofre cotidianamente com isso e que não baixou a cabeça para que se incorpore também nessa luta!

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